Saudades. "Somos Irmãs"

Lembro de quando fui ver a peça "Somos Irmãs", que contava a vida das cantoras Linda e Dircinha Batista, duas irmãs, ícones da rádio brasilera, que cairam no ostracismo e morreram sem que ninguém, a não ser um amigo, percebesse ou sentisse falta delas. Linda morreu há muito tempo, e foi encontrada morta, dentro do apartamento junto com a irmã, Dircinha, que tinha enlouquecido. Um elenco perfeito, super afinado, tanto na voz quanto nos papéis. Sabe, falar dessa peça ainda me dá um nó na garganta, ou melhor, falar nessas duas mulheres que foram tão fortes e ao mesmo tempo tão frágeis, me dá uma angústia tremenda.
Foi uma das coisas mais lindas que eu já vi na minha vida... Eu tinha 12 anos e me marcou profundamente, aliás, me marcou tanto, q eu fiz questão (através de uns contatos q eu tinha na casa de saúde Dr. Eiras) de conhecer a Dircinha... Não falei com ela, mas vi de perto alguém que teve tudo na vida, e que naquele momento estava irreconhecível. Olhei pra ela e chorei, no que ela olhou pra mim e sorriu, ela já não tinha mais noção de quem era ou do que representou um dia. Prefiro guardar a imagem da cantora dos áureos tempos na minha memória.

Beijinhos

PS: Na foto estão César de Alencar, Dircinha Batista e Linda Batista (ao microfone).

Se eu Morresse Amanhã de Manhã - Antônio Maria
(intérprete - Dircinha Batista)

De que serve viver tantos anos sem amor
Se viver é juntar desenganos de amor
Se eu morresse amanhã de manhã
Não faria falta a ninguém
Eu seria um enterro qualquer
Sem saudade, sem luto também
Ninguém telefona, ninguém
Ninguém me procura, ninguém
Eu grito e um eco responde: "ninguém!"
Se eu morresse amanhã de manhã
Minha falta ninguém sentiria
Do que eu fui, do que eu fiz
Ninguém se lembraria